sábado, 8 de maio de 2010

Mundo Irreal


Às vezes me pergunto
Em qual mundo estou
Será real ou irreal?
Na verdade não sei
Só sei que um deles eu criei.

Acho que foi para passar o tempo
Ou amenizar o meu sofrimento
Não sei explicar e nem preciso
Pode até ser bom o irreal
Mas voltar para o outro
Seria legal.

Ser como antes
Ainda posso ser
Talvez não do mesmo jeito
Acho que também não quero ser
Serei diferente, diferente pra você
Vou viver minha vida
E você tristeza!
Irei te esquecer!

Nunca mais quero sentir
Essa droga que é você
Sou muito feliz
Quando não sinto você
Mas há alguém a quem eu quero que volte
A felicidade! Essa sim, me ama de verdade.

Voltarei ao mundo real
Esquecerei um pouco
O irreal que eu criei
Espero você no meu mundo
Volta, vem comigo,
Num segundo.

LIMA, Joel. Mundo Irreal. Serra Talhada, 2009.
(Dedicada à Michelle Veloso)



Tristeza


Tu não precisavas existir
Não sei por que existes
Se não preciso de você
Quero ser feliz
Posso muito bem viver sem sofrer
Posso mais ainda viver sem você.
Você vem e arrasa meu coração.
Choro, grito e você não vai embora.
Vê se me deixa, desaparece.
Me esquece!
Fui atingido por esse triste mal
Não sou o único, é bem verdade.
Não desejo pra ninguém
Essa coisa ruim que não me faz bem.
Já procurei entender
O sentido pelo qual ela existe
Pois não serve de muita coisa
Apenas pra me deixar triste!
Já que não posso fazer
Você ir embora pra sempre
Sai daqui agora, vai! Vai! de repente.
E não me procura por um bom tempo
Tempo que nunca é bom quando você está aqui
Deixa-me em paz, me deixa ao menos dormir!

LIMA, Joel. Tristeza. Serra Talhada, 2009.




O Silêncio e Eu

É no silencio que eu converso,
É no silencio que eu confesso,
Confesso pra mim mesmo,
Minhas verdades, meus medos,
Meus segredos.

Tenho silenciado muitas palavras
É preciso! Sim é preciso silenciar às vezes.
Quem há de escutar no silencio da noite?
A não ser o barulho do vento, o açoite.
Vento que me rodeia e que bate à minha porta.

Tentando me fazer falar
Sinto muito, está perdendo tempo.
Nada de mim conseguirá
Nem um sorriso e nem um choro,
Apesar de carregar comigo um pouco disso.
Sei que alguém me ouvirá
Mesmo eu estando em silencio,
Sei que me ouviram,
Com apenas um olhar.

Meus olhos falam mais do que minha boca
Pois esta nem sempre se controla e pode falar loucuras.
Já meus olhos encantam e se encantam
Com você, com o silencio, com sua doçura.

LIMA, Joel .O Silêncio e Eu. Serra Talhada, 2010


Palavras de um Mestre

Eu ainda era criança,

Quando ouvia palavras de um mestre.

Um conto de fadas, sim! De fadas.

Não era a primeira vez que eu ouviria

Eu acreditava que elas estavam lá dentro do livro

Eu queria que ele me contasse tudo novamente.

Nas minhas manhãs de sol

Ele resplandecia com a historia

Outras vezes contadas,

Mas sempre

De uma forma diferente

Interpretada.

Em alguns momentos,

O Conto já não era só O Conto.

Suas palavras iam além deles.

Meus olhos e ouvidos estavam atentos.

Copiava cada movimento da sua boca,

Tentando ler sua fala, adivinhar seu pensamento.

As palavras de um Mestre,

Conservariam-me inocente.

Era possível viajar para uma terra clandestina

Longe dos homens, da chamada civilização humana.

Só lá eu poderia descansar minha mente,

Fugir dessa civilização inconseqüente.

Apesar de não saber se fugir é a melhor saída.

LIMA, Joel. Palavras de Um Mestre. Serra Talhada, 2010

A Palavra é Minha

Em primeiro lugar
Sou teu,
Depois você é minha.
E se eu não fosse seu?
Você não seria minha.
Só você, palavra.

Palavra que dá sentido
Palavra de perigo
De luta minha e sua.
Luta limpa
Luta vã.
É luta entre família,
Luta de irmã.

Parece uma luta mágica
Sem dor
Punhaladas que não doem,
E se doessem,
Seriam menos que o amor.
És Prazerosa.

Vou te procurar,
Caso não me procures,
E lutaremos novamente
E ganharemos juntos
A mesma batalha.
Não a mesma guerra.

LIMA, Joel. A Palavra é Minha. Serra Talhada, 2010


Procurando a poesia

Viajei num mar
De águas doces
Á procura da poesia.

Encontrei feras,
Lutei com monstros,
Bebi da água mais limpa,
E da água mais doce
Senti cada palavra
Descer no estômago
Tirando todo sal,
Transformando meu corpo,
Criando emoções,
Matando a sede insaciável.

Continuei procurando
A final sou esse viajante
Do mar das palavras,
Das criações inconfundíveis.

Continuarei procurando
E você me encontrando.
Beberei sempre dessa água,
Lutarei por você,
Contra monstros e feras.

Para seguir com você
O nosso caminho
Pois sei que você
Também está à minha procura.

LIMA, Joel. Procurando a Poesia. Serra Talhada, 2010.



Desenho Na Areia


Desenhei na areia
Um rosto que nunca vi antes
Não sei como surgiu.
Olhei para o céu
Vi nuvens escuras
Parecia que iria chover
Não sabia de quem era aquele rosto
Fiquei triste
Quase me deu desgosto.
Fiquei olhando as nuvens
Mudando de lugar
Eu tinha apenas um rosto
E ninguém mais pra abraçar
Porque a vida é tão cruel?
Às vezes temos de mais
E às vezes estamos sozinhos
Somos apenas crianças,
Jovens sem carinho.
Enquanto estava na areia
Imaginei tanta coisa
Parecia loucura
Vi até sereia
Tentei ver se aquele rosto era dela
Que decepção!
Não tinha nada a ver não
Nem por isso desisti
Imaginei mais um pouco
Achei por um instante
Que estava ficando louco
Talvez fosse loucura mesmo
Não preciso estar em mim, sempre.
Posso deixar de ser eu, de repente.
Resolvi apagar aquele desenho
Já que não sabia de quem era
Prefiro só guardar na memória
E não mais esperar por ela.

LIMA, Joel. Desenho Na Areia. Serra Talhada, 2009.



Deserto

Estamos num deserto

Vivemos distantes,

Sozinhos...

Mesmo com alguém por perto

Isso sim é deserto.

O pior deserto é assim:

Temos tudo, e não temos nada,

Temos alguém,

E não temos ninguém.

Vivemos e morremos,

Nascemos e nem sempre crescemos

Sorrimos por fora,

E choramos por dentro.

A areia nos cega os olhos

Não vemos nada,

Não enxergamos ninguém,

Até tentamos... É verdade!

Mas não sentimos...

Choramos,

Quando podíamos estar sorrindo

Assim é o deserto:

Com alguém,

E sem ninguém.

LIMA, Joel. Deserto. Serra Talhada, 2009.

Eu quero te escrever

Quero te escrever

Debaixo das ondas tranqüilas

Viajar o oceano sem respirar.

Quero te escrever sentindo

O sol que me faz arder

De suor frio.

Sentir as palavras

Descendo as corredeiras

Dos rios.

Escrevendo cada gota d água

Criando gotículas de palavras

Do tamanho da correnteza

De sonhos que alguém deve ter.

Fazendo nascer o que não existia

E nem se imaginava

Que fosse capaz

De o homem criar.

Escrever o sol

Com cor vermelha

E a lua com tinta amarela.

Abrir espaço

Para que as palavras

Possam dar a sua Graça

E com o poder da criação

Usar o livre arbítrio

Para te escrever

Por onde e quando eu quiser.

LIMA, Joel. Eu Quero Te Escrever. Serra Talhada, 2010.

Só Me Resta a Poesia

Quando as pessoas se vão,

Quando os pássaros voltam pro seu ninho.

Quando o sol vai embora,

Quando a lua não brilha no céu.

Até a água do mar se retém

Fica longe da praia,

Só me resta a poesia

É ela que me livra da tristeza

E me dá alegria.

Posso contar tudo, tudo!

Nunca ouvirei um não

Não importa o assunto

Amor... Paixão, solidão.

Apenas me ouve,

E me entende

Faz-me seguir o rumo certo

Mesmo quando não vejo nada adiante

Nem perto, nem distante.

Posso andar por onde for

Parar em qualquer lugar

Dormir, acordar...

Você sempre estará lá

O mundo pode não te ver

Ouvir-te, te entender.

Mas sei que estará lá.

Quando os amigos sumirem

Você estará presente comigo

Dará-me atenção, abrigo.

Quando o que era bom acabar

Ainda assim, não será o fim.

Sei que me restará à poesia.

Minha amiga, minha alegria.

LIMA, Joel. Só Me Resta a Poesia. Serra Talhada, 2009.


O Tempo

Tempo louco!

Tempo pouco,

Quanto tempo ainda se tem?

Será que ainda dá tempo?

Só sei que o tempo passa,

Passa muito rápido...

Avança de um jeito voraz.

E há para alguns até a perda da paz.

Consome qualquer ser humano,

Não adianta se esconder por debaixo dos panos.

Deixa aparecer teu rosto,

Ainda que diferente, de quando era criança.

Quando ainda era belo,

E sorria de um jeito sincero.

Que quando se olhava no espelho, sentia uma coisa mágica,

Mas que hoje não vê mais tanta beleza,

Só um sorriso sombrio de uma coisa trágica.

O tempo passou...

E devastou teu sorriso,

Agora você se pergunta: Se lutar era preciso?

Lutar contra o tempo,

O tempo da nostalgia,

Lutar contra o tempo,

Até com o tempo da alegria.

Se foi preciso não sei...

Do passado, só o tempo eu herdei.

Herança que era minha desde criança,

E que antes eu queria que passasse.

Mas se me perguntassem hoje

Eu diria: Bom seria que nunca acabasse.

LIMA, Joel. O Tempo. Serra Talhada, 2009.

Poeta do Mundo

Sou assim:

Quando irônico,

Comparo-me maior que o mundo

Quando social,

Sou menor que o mundo real

E quando metafísico,

Sou igual ao mundo.

E daí?

Posso ser os três!

Sou poeta,

Mas a minha meta não está na física,

Sou o que sou,

Sou o que eu quiser.

Posso ser real, natural,

Ou até mesmo sobrenatural

Não quero saber

Posso ser o que eu quiser,

Mas, antes Serei poeta!

Pra falar de amor,

Por mais complicado que seja,

Pra falar da vida,

Seja ela como for.

Pra viver intensamente

Com sorrisos de alegria

Ou com choros de tristeza,

Pra viver a vida

Que ainda tem beleza.

Afinal,

Sou poeta do mundo

Vivi por alguns anos

Que passaram num segundo

Sou poeta, sou do mundo.

Engana-se!

Quem pensa que morri

Posso estar em qualquer lugar

Sou a poesia viva

Posso estar na sua casa

Num velho livro empoeirado

É só você me dar à chance

De ficar bem do seu lado.

LIMA, Joel. Poeta do Mundo. Serra Talhada, 2009.