sábado, 8 de maio de 2010
Mundo Irreal
Tristeza
O Silêncio e Eu
Palavras de um Mestre
Eu ainda era criança,
Quando ouvia palavras de um mestre.
Um conto de fadas, sim! De fadas.
Não era a primeira vez que eu ouviria
Eu acreditava que elas estavam lá dentro do livro
Eu queria que ele me contasse tudo novamente.
Nas minhas manhãs de sol
Ele resplandecia com a historia
Outras vezes contadas,
Mas sempre
De uma forma diferente
Interpretada.
Em alguns momentos,
O Conto já não era só O Conto.
Suas palavras iam além deles.
Meus olhos e ouvidos estavam atentos.
Copiava cada movimento da sua boca,
Tentando ler sua fala, adivinhar seu pensamento.
As palavras de um Mestre,
Conservariam-me inocente.
Era possível viajar para uma terra clandestina
Longe dos homens, da chamada civilização humana.
Só lá eu poderia descansar minha mente,
Fugir dessa civilização inconseqüente.
Apesar de não saber se fugir é a melhor saída.
LIMA, Joel. Palavras de Um Mestre. Serra Talhada, 2010
A Palavra é Minha
Procurando a poesia
Desenho Na Areia
Deserto
Estamos num deserto
Vivemos distantes,
Sozinhos...
Mesmo com alguém por perto
Isso sim é deserto.
O pior deserto é assim:
Temos tudo, e não temos nada,
Temos alguém,
E não temos ninguém.
Vivemos e morremos,
Nascemos e nem sempre crescemos
Sorrimos por fora,
E choramos por dentro.
A areia nos cega os olhos
Não vemos nada,
Não enxergamos ninguém,
Até tentamos... É verdade!
Mas não sentimos...
Choramos,
Quando podíamos estar sorrindo
Assim é o deserto:
Com alguém,
E sem ninguém.
LIMA, Joel. Deserto. Serra Talhada, 2009.
Eu quero te escrever
Quero te escrever
Debaixo das ondas tranqüilas
Viajar o oceano sem respirar.
Quero te escrever sentindo
O sol que me faz arder
De suor frio.
Sentir as palavras
Descendo as corredeiras
Dos rios.
Escrevendo cada gota d água
Criando gotículas de palavras
Do tamanho da correnteza
De sonhos que alguém deve ter.
Fazendo nascer o que não existia
E nem se imaginava
Que fosse capaz
De o homem criar.
Escrever o sol
Com cor vermelha
E a lua com tinta amarela.
Abrir espaço
Para que as palavras
Possam dar a sua Graça
E com o poder da criação
Usar o livre arbítrio
Para te escrever
Por onde e quando eu quiser.
LIMA, Joel. Eu Quero Te Escrever. Serra Talhada, 2010.
Só Me Resta a Poesia
Quando as pessoas se vão,
Quando os pássaros voltam pro seu ninho.
Quando o sol vai embora,
Quando a lua não brilha no céu.
Até a água do mar se retém
Fica longe da praia,
Só me resta a poesia
É ela que me livra da tristeza
E me dá alegria.
Posso contar tudo, tudo!
Nunca ouvirei um não
Não importa o assunto
Amor... Paixão, solidão.
Apenas me ouve,
E me entende
Faz-me seguir o rumo certo
Mesmo quando não vejo nada adiante
Nem perto, nem distante.
Posso andar por onde for
Parar em qualquer lugar
Dormir, acordar...
Você sempre estará lá
O mundo pode não te ver
Ouvir-te, te entender.
Mas sei que estará lá.
Quando os amigos sumirem
Você estará presente comigo
Dará-me atenção, abrigo.
Quando o que era bom acabar
Ainda assim, não será o fim.
Sei que me restará à poesia.
Minha amiga, minha alegria.
LIMA, Joel. Só Me Resta a Poesia. Serra Talhada, 2009.
O Tempo
Tempo louco!
Tempo pouco,
Quanto tempo ainda se tem?
Será que ainda dá tempo?
Só sei que o tempo passa,
Passa muito rápido...
Avança de um jeito voraz.
E há para alguns até a perda da paz.
Consome qualquer ser humano,
Não adianta se esconder por debaixo dos panos.
Deixa aparecer teu rosto,
Ainda que diferente, de quando era criança.
Quando ainda era belo,
E sorria de um jeito sincero.
Que quando se olhava no espelho, sentia uma coisa mágica,
Mas que hoje não vê mais tanta beleza,
Só um sorriso sombrio de uma coisa trágica.
O tempo passou...
E devastou teu sorriso,
Agora você se pergunta: Se lutar era preciso?
Lutar contra o tempo,
O tempo da nostalgia,
Lutar contra o tempo,
Até com o tempo da alegria.
Se foi preciso não sei...
Do passado, só o tempo eu herdei.
Herança que era minha desde criança,
E que antes eu queria que passasse.
Mas se me perguntassem hoje
Eu diria: Bom seria que nunca acabasse.
LIMA, Joel. O Tempo. Serra Talhada, 2009.
Poeta do Mundo
Sou assim:
Quando irônico,
Comparo-me maior que o mundo
Quando social,
Sou menor que o mundo real
E quando metafísico,
Sou igual ao mundo.
E daí?
Posso ser os três!
Sou poeta,
Mas a minha meta não está na física,
Sou o que sou,
Sou o que eu quiser.
Posso ser real, natural,
Ou até mesmo sobrenatural
Não quero saber
Posso ser o que eu quiser,
Mas, antes Serei poeta!
Pra falar de amor,
Por mais complicado que seja,
Pra falar da vida,
Seja ela como for.
Pra viver intensamente
Com sorrisos de alegria
Ou com choros de tristeza,
Pra viver a vida
Que ainda tem beleza.
Afinal,
Sou poeta do mundo
Vivi por alguns anos
Que passaram num segundo
Sou poeta, sou do mundo.
Engana-se!
Quem pensa que morri
Posso estar em qualquer lugar
Sou a poesia viva
Posso estar na sua casa
Num velho livro empoeirado
É só você me dar à chance
De ficar bem do seu lado.
LIMA, Joel. Poeta do Mundo. Serra Talhada, 2009.